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ACELERAÇÃO E SEQUÊNCIA

A aceleração corresponde a taxa de variação da velocidade, e como é sabido, ela é obrtida a partir da primeira derivada da função da velocidade (FLEMMING, 2006)

Todavia, a aceleração pode ser compreendida como a razão de uma progressão aritmética, cujo os termos são as velocidades ordenadas de acordo com a ordem dos instantes. Isto é, se temos V1 correspondente a t1, V2 correspondente a t2 e assim sucessivamente, ordenaríamos a sequência dessa maneira:

(V1,V2,V3,V4 ...  Vn)

Antes de defendermos essa ideia, abordaremos o conceito de sequência e progressão aritmética.

De acordo com Cerqueira, uma sequência corresponde a uma função, tal que a: N → R. Ou seja, é associado a cada número natural um termo an, tal que a pertence a R. Para entender melhor, temos {a1, a2, a3 ... an ...}. Cada um desses termos está associado a um número real, o qual coincide com o índice do termo em questão. Isto é a1 está vinculado ao número natural 1, enquanto a2 está vinculado ao número natural 2. Trazendo o vocabulário utilizado no estudo das funções, os termos da sequência são imagens da função.



Imagem extraída do livro Fundamentos de Matemática Elementar: Sequências e Séries, 2° ed.

Os termos das funções podem estar ordenados sob um raciocínio. Por exemplo, a sequência {0; 2; 4; 6; 8;...} segue o seguinte raciocínio: a cada termo anterior soma-se 2 e é obtido o próximo termo. Esse termo que está sendo somado é chamado de razão (r), e pode ser obtido a partir da subtração do termo sucesso pelo termo antecessor, isto é, an – an-1 = r.

Todavia, não há a necessidade de ser o termo sucessor subtraído pelo termo antecessor, mas pode ser realizada a subtração entre qualquer termos da função, desde que o termo subtraído suceda o termo que esta subtraindo, isto é, an-1 – an-2 = r ou an-3 – an-1 = ( -2)r.

Isso pode ser feito desde que a diferença entre os índices do termo seja igual ao coeficiente de r.

Vejamos na sequência anterior {0; 2; 4; 6; 8;...}. Se tivermos a5 – a2 temos como resultado (5-2)r. Calculando, temos: 8-2= 3r => r=6/3=2. Como já era de consciência geral, a razão dessa sequência, classificada como progressão aritmética, era 2, e através do raciocínio demonstrado acima, a razão foi obtida.

Portanto, a partir disso, alcançou-se a seguinte equação para determinar um termo da progressão aritmética, independente da sua posição, da seguinte forma:



an-am=(n-m)r => an= am + (n-m)r



Onde an é o termo que antecede o termo am, (n-m) é a diferença entre os índices dos termos e r é a razão da P.A.

O exemplo a seguir revelará como a utilização dessa fórmula auxilia a alcançar o valor de um termo da P.A.. Utilizaremos a mesma sequência usada nos exemplos anteriores:

a21= a5 + (21-5)r => a21= 8 +16(2) => a21= 8+ 32 = 40

Contextualizando com a Física, essa fórmula se assemelha bastante com a fórmula do MRUV
 v = v0 +a.t


Onde v (velocidade final) equivale a an, am é 

v0 , e (n-m) corresponderia a variação de tempo ou ao instante t

Digo que (n-m) corresponde ao instante t, porque ele corresponde a variação do instante final menos o inicial, sendo que o inicial corresponde ao instante 0.

Veja como essas duas equações são semelhantes, na verdade iguais. Os exemplos provarão.



·         Situação 1

Um corpo com aceleração de 2m/s2 sai do repouso e atinge velocidade igual a 10 m/s após 5 s. Temos as velocidades desse corpo até 5 s.

v (m/s)
T (s)
0
0
2
1
4
2
6
3
8
4
10
5












Arrumamos a sequência, que corresponde a uma P.A.

(0; 2; 4; 6; 8; 10)

Onde a1 = 0 m/s, a2= 2 m/s; a3= 4 m/s, a4= 6 m/s, a5= 8 m/s, a6= 10 m/s.

Utilizando da fórmula para encontrar a razão de uma P.A., temos

a2 - a1 =  a3 - a2  =  a4 -  a3 = a5 - a4 = a6 - a5 = r

r = 2.

Observamos que a razão da P.A. formada pela sequência de velocidades ordenadas conforme o instante correspondente tem a razão numericamente igual a aceleração do sistema.

·         Situação 2

Um corpo com aceleração igual a 4 m/s2 atinge em 5 s uma velocidade de 24 m/s. Isso porque a velocidade inicial do corpo é igual a 4 m/s. Tem-se, então, as velocidades até 5 s.

v (m/s)
t (s)                            
4
0
8
1
12
2
16
3
20
4
24
5



Pondo em sequência conforme o instante que a velocidade corresponde, temos:

(4; 8; 12; 16; 20; 24)

Onde a1 = 4 m/s, a2= 8 m/s; a3= 12 m/s, a4= 16 m/s, a5= 20 m/s, a6= 24 m/s.

Utilizando da fórmula para encontrar a razão de uma P.A., temos

a2 - a1 =  a3 - a2  =  a4 -  a3 = a5 - a4 = a6 - a5 = r

r = 4.

Portanto, é visível que a razão da P.A. formada a partir da sequência das velocidades ordenada conforme os instantes correspondentes é numericamente igual a razão do sistema.

Pode-se concluir, então, que equações como V=Vo +at correspondem a uma fórmula para determinar a posição de um termo da P.A. formada a partir das velocidades de um corpo, sendo a razão dessa P.A. numericamente igual a aceleração do corpo.

Referências:
IEZZI, Gelson Elementos da Matemática Elementar. 4° edição. São Paulo
FLEMMING, Diva Marília; GONÇALVES, Mirian Buss. Cálculo A: funções, Limites, Derivação, Integração. São Paulo, 2006

AUTOR:
Daniel Gomes

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