Em Patriotas, Lima
Barreto refere-se a miscigenação no Brasil, e como ela tem sido tão forte que é
impossível distinguir em determinados
casos qual etnia predomina. Leia: “A oradora era uma mulher baixa,
de busto curto, gorda, com grandes seios altos e falava agitando o leque
fechado na mão direita.
Não se podia dizer bem qual a sua cor, sua
raça, ao menos: andavam tantas nela que uma escondia a outra, furtando toda ela
a uma classificação honesta.”
Em
seguida, enquanto Quaresma esperava conversar com o marechal Floriano, Lima
Barreto refere-se a ele como ditador. Devemos recordar
que o apelido do marechal era “Marechal de Ferro”. Recordamos também do que
escrevemos anteriormente sobre a situação política em O Trovador.
Mais à
frente, Lima Barreto faz uma crítica mais aberta. Leia:
“Quaresma
pôde então ver melhor a fisionomia do homem que ia enfeixar em suas mãos,
durante quase um ano, tão fortes poderes, poderes de Imperador Romano, pairando
sobre tudo, limitando tudo, sem encontrar obstáculo algum aos seus caprichos,
às suas fraquezas e vontades, nem nas leis, nem nos costumes, nem na piedade
universal e humana.”
Na
verdade, esse capítulo resumisse em falar sobre o marechal Floriano,
fazendo críticas abertas a ele.
Quando
Quaresma conversa com o marechal sobre a situação agrícola, recorda a elite
agrária que apoiava o então presidente.
Quaresma,
posteiromente, encontra-se com Albenaz. Ele cita o nome da filha dele, dona
Ismênia, a qual iria casar, mas o noivo a deixou. Ele ficara louca. Creio que
tinha entrado em depressão e o quadro se agravou para um surto psicótico.
No
capítulo Você, Quaresma, é um Visionário,
Lima Barreto, através do batalhão do major Quaresma, relata a situação do
exército durante a Segunda Revolta da Armada.
Homens
obrigados a servi, como Ricardo; oficiais pouco apareciam; havia falta de
homens; pessoas desertando; e outras que não tinham os conhecimentos
necessários para desempenhar sua função, como Quaresma.
Posteriormente,
trouxe algumas situações, como o disparo ao navio Guanabara e a movimentação de
civis próximo aos locais de conflito.
Depois,
ele crítica a suposta moralidade presente na Idade das Trevas. Ele cita alguns
eventos que servem de prova para contestar essa argumentação defendida por
alguns.
Na
conversa entre Quaresma e Floriano, fica evidente o caráter da maioria dos
políticos brasileiros. Eles defendem os interesses de uma pequena minoria, que
infelizmente detém a maior parte da riqueza do país. Ela é a elite brasileira.
Enquanto
eles estão a favor de tais, a maioria, que é pobre, sofre.
Deve-se
recordar que o marechal Floriano estava junto das elites agrárias da época. Na
leitura do livro, vimos que não havia investimentos para as camadas mais pobres
da população. E Quaresma (Lima Barreto) identificou isso. Quaresma falou com o
presidente (Lima escreveu um livro), mas não adiantou.
Todavia,
nós devemos continuar à tentar muda a realidade social do nosso país.
O capítulo
...e Tornaram Logo Silencioso...,
inicia-se com uma conversa entre Albenaz e Quaresma sobre a filha do general,
Ismênia. Agora, ela encontra-se doente, de cama com febre.
Possivelmente,
essa degeneração na saúde da moça é consequência de seu distúrbio psicológico.
Na contemporaneidade, sabemos que existe doenças psicossomáticas, isto é, um
distúrbio psicológico acarreta em uma desordem da saúde do corpo. Era disso que
Ismênia sofria agora.
Albenaz
chamava médicos, espíritas e feiticeiros para tentar sarar a filha. Lima
Barreto aproveita essa discussão para tratar sobre as religiões de matriz
africana. Leia:
“Era uma singular situação, a
daquele preto africano,-ainda certamente pouco esquecido das dores do seu longo
cativeiro, lançando mão dos resíduos de suas ingênuas crenças tribais, resíduos
que tão a custo tinham resistido ao seu transplante forçado para terras de
outros deuses — e empregando-os na consolação dos seus senhores de outro tempo.
Como que os deuses de sua infância e de sua raça, aqueles sanguinários
manipansos da África indecifrável, quisessem vingá-lo à legendária maneira do
Cristo dos Evangelhos...”
Após essa conversa, Lima Barreto retrata alguns episódios da
Segunda Revolta da Armada.
Lima Barreto relata, também, a crescente aversão ao estrangeiro
(xenofobia) no período.
Novamente, crítica o casamento:
“O casamento já não é mais amor,
não é maternidade, não é nada disso: é simplesmente casamento, uma coisa vazia,
sem fundamento nem na nossa natureza nem nas nossas necessidades.”
Em O Boqueirão, Lima Barreto inicia o
capítulo com a eleição que ocorria no interior onde sua irmã estava vivendo.
Algo interessante a ser notado é que Lima se refere aos eleitores do campo como
“manequins de museu”, se referindo as vestimentas elegantes que utilizavam para
a ocasião.
Esse fato indica que na época havia uma valorização pelo ir votar.
Creio que eles não tinham a consciência da importância desse ato, mas, mesmo
assim, iam. Na atualidade, o descredito pela política é grande, como a
desvalorização da votação. Isso ocorre pelos inúmeros casos de corrupção que
ocorrem em nosso país, como o mensalão, o mensalão tucano, o petrolão e etc.
Tudo isso acarreta num desânimo na população.
Outro ponto que Lima Barreto traz, é o misticismo da época. Ele
retrata o assunto através da personagem sinhá Chica. Na leitura dessa parte, é
possível identificar que a população mais pobre é adepta de tais crenças. Isso,
por dois motivos: não ter educação adequada, nem dinheiro para custear médicos.
No entanto, a parcela mais rica servia-se dos serviços médicos.
Leia:
“Enquanto a terapêutica fluídica ou herbácea de
Sinhá Chica atendia aos miseráveis, aos pobretões, a do doutor Campos era
requerida pelos mais cultos e ricos, cuja evolução mental exigia a medicina
regular e oficial.”
Mas, ele
prossegue:
“Às vezes, um de um grupo
passava para o outro; era nas moléstias graves, nas complicadas, nas
incuráveis, quando as ervas e as rezas da milagrosa nada podiam ou os xaropes e
pílulas do doutor eram impotentes.”
Após uma
batalha que Quaresma participa, ele sofre de uma crise existencial. Leia:
“E ele perguntava de si para si,
onde, na terra, estava o verdadeiro sossego, onde se poderia encontrar esse
repouso de alma e corpo, pelo qual tanto ansiava, depois dos sacolejamentos por
que vinha passando — onde? E o mapa dos continentes, as cartas dos países, as
plantas das cidades, passavam-lhe pelos olhos e não viu, não encontrou um país,
uma província, uma cidade, uma rua onde o houvesse.”
Mais uma
crítica ao governo, durante a conversa entre Caldas e o general Albenaz.
No último
capítulo, A Afilhada¸ Lima Barreto
traz a forma severa de governa do marechal Floriano. Quaresma escreve uma carta
ao presidente, acerca de um acontecimento narrado no capítulo anterior. Ele
acaba preso.
Os amigos
o deixaram – exceto Ricardo, Olga e Coleoni -, não queriam comprometessem, cada
um com o seu interesse. Deixaram-no morrer.
Autor: Daniel Gomes
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